Trump e a vitória da extrema direita nos EUA
By Paulo Cesar
- 4 minutes read - 654 wordsA forte unanimidade da mídia global sobre a vitória da candidata Hillary Clinton à presidência dos Estados Unidos foi algo líquido e certo. Analistas se revezavam em diversos programas anunciando a derrota fragorosa de Donald Trump, pois, afirmavam que o discurso de ódio aos latinos e minorias, minariam completamente as chances dele de alcançar a Casa Branca. Entretanto, o que ocorreu durante a contagem dos votos a partir dos delegados que deram maioria a Trump a se tornar o 45º presidente da maior potência mundial? Os fatores são variados, mas, poderíamos dizer que há uma forte tendência em vários países atualmente de rechaçar os políticos tradicionais, os mesmos, que pela avaliação dos eleitores não conseguiram resolver os problemas do desemprego que cresce, os refugiados que ‘invadem’ os países europeus e os escândalos políticos de corrupção que sugam verbas para outras áreas prioritárias. Esta é uma tendência que se dá no Brasil, em que grande parte dos eleitores não escolheram seu representante à prefeitura de São Paulo, por exemplo, nem se deram o luxo de sair de casa para enfrentar fila no dia 2 de outubro.
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Na França, Grécia e em parte na Alemanha já existem grupos organizados no sentido de promover um afastamento com relação à União Europeia, detonando as pretensões da Alemanha em tornar o continente unido por interesses comuns. A candidata Marie Le Pen da Frente Nacional, partido político em que convergem partidários do nacionalismo, beirando um fascismo semelhante ao da década de 1920 e 1930. Isto significa que no ideário desta frente há a concepção de que os refugiados e estrangeiros não são bem vindos porque tomam empregos e fazem com que os governos gastem excessivamente que poderiam ser gastos com o povo do próprio país. Além disso, o medo de uma cultura diferente, principalmente aquela ligada ao Islamismo em que as pessoas associam facilmente ao Terrorismo, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos.
Donald Trump do partido Republicano encontrou um respaldo em parte da sociedade americana quando usou um discurso de ódio e xenofobia em grupos e áreas em que o desemprego, (Crise de 2008), tornam-se um caldo suficiente para o aparecimento de demagogos e populistas virem com soluções práticas para tais problemas. Contudo, quais serão as consequências de Trump no exercício da presidência dos EUA?
- Antiglobalização.
- Perseguição às minorias religiosas e políticas.
- Expulsão dos Imigrantes, ilegais ou não.
- Protecionismo.
Acredito que o leitor pode compreender os itens dois e três acima, havendo uma perseguição sistemática a indivíduos que seguem o islão. Igrejas frequentadas por latinos e hispânicos, de modo geral, já sofrem com a violência perpetrada por aqueles que se julgam os verdadeiros americanos, ou seja, a extrema direita americana. Não devemos nos iludir, no entanto, que a expulsão ocorra apenas com presidentes conservadores republicanos, pois, na administração Obama, do partido Democrata, 2,5 milhões de imigrantes foram expurgados dos EUA.
A respeito da antiglobalização podemos sustentar o fato de que Trump deseja fechar os Estados Unidos para a entrada de imigrantes, que segundo a sua visão, tomam os empregos do povo americano, e, sobretudo, deslocar as indústrias norte-americanas da China de volta para a América, gerando milhares de empregos. Qual o significado disto? O mundo pode ficar cada vez mais fechado ao fluxo de pessoas de um lugar a outro. Morar em outro país, como a França e Inglaterra pode ser cada vez mais difícil, pelo fato de o nível de exigência se torne maior para permanência ou mesmo residir nos Estados Unidos ou Europa. Sob o aspecto econômico, a antiglobalização se caracteriza por taxações cada vez maiores de produtos importados, o que acarretaria somas volumosas de perdas em suas exportações. De qualquer modo, vivemos em um momento complicado. Precisamos de algum tempo para verificarmos se Trump levará a cabo todas suas ameaças quando estiver no poder. Quem viver verá.
Professor Paulo Cesar é professor de Filosofia, Sociologia, História e Atualidades formado pela Universidade de São Paulo.